Valci Melo
valcimelo@hotmail.com
facebook.com.br/valcimelo
twitter.com/valcimelo
É noite de lua
clara, dezenove horas e vinte minutos. O Templo encontra-se cheio de flores e
fiéis. Eis que a devoção mariana cortejada durante o mês também dedicado às mães
e às noivas chegara ao seu coroamento: a derrubada da bandeira. Não sabem o que
significa, mas têm certeza de que com tal gesto conquistam um pedacinho do Céu -
pela intercessão de Nossa Senhora, claro!
Rezada a novena, caminham
ao redor da bandeira cantando uns “benditos[1]” enquanto
os homens no centro tentam arrancá-la. Em seguida, em procissão, levam a haste
até a porta da igreja, onde é retirada a bandeira e as moças e rapazes tentam
tocá-la a fim de saber se casarão ainda naquele ano.
As mãos cheias de
flores se dirigem às imagens e as humildes faces arduamente expressam enxergar
ali algo mais do que meu ímpio par de olhos pode ver.
E assim, ano após
ano, embora hoje com menos força e poder de convencimento do que antigamente,
se repetem os rituais e devoções que pouco ou nada dialogam com a realidade
concreta do cotidiano. Mas quem não se envolver ou simplesmente questioná-los
estará confrontando diretamente o próprio Deus e, solidariamente, condenado ao
fogo do Inferno.
Nenhum comentário:
Postar um comentário